Colégio Clarice Lispector
História da Ed. Física
Aluno: Luiz Henrique
Nº 19
1º E.M
Prof: André
Tudo começou
quando o homem sentiu a necessidade de lutar, fugir ou caçar para sobreviver.
Assim o homem à luz da ciência executa os seus movimentos corporais mais
básicos e naturais desde que se colocou de pé: corre, salta, arremessa, trepa,
empurra, puxa e etc.
A prática de
actividades físico-desportivas foi e continua a ser uma das constantes do
comportamento humano. A manifestação cultural da actividade física produziu-se
de formas diferentes, em função das necessidades sociais e dos objectivos
estabelecidos em cada período histórico e civilização: assim, tem sido vista
como actividade utilitária que possibilita a sobrevivência; como preparação
para a guerra; como meio de invocação religiosa; como jogo ou actividade
recreativa e de ócio; como método de educação física para a saúde; ou então
como desporto espectáculo e de competição. Hoje em dia, para poder entender o
conceito de educação física é conveniente conhecer a influência que as
distintas civilizações exerceram sobre ela ao longo dos séculos. Dependendo do
seu objectivo, cada cultura estabeleceu um modelo de educação física
diferenciado, que em muitas ocasiões ainda perdura.
Bases da educação
física moderna
A partir do século XVIII, o Século das Lu zes, apareceram inúmeros
filósofos, pedagogos e pensadores que fixaram as bases da educação física
moderna e influenciaram as escolas e sistemas posteriores. Assim, Jean Jacques
Rousseau (1712-1778), influenciado por John Loc- ke, é o precursor da pedagogia
contemporânea. Na sua obra Emílio expôs as suas teorias,
baseadas na educação da criança em contacto com a natureza, espontânea e
autodidacta. A educação física adquiriu grande relevância através de um método
de aprendizagem indutivo («quanto mais fosse a actividade física, maior seria a
aprendizagem»); também prestou grande atenção à psicologia evolutiva e ao
respeito pelas leis naturais de desenvolvimento da criança, princípios muito
valorizados actualmente. Segundo Rousseau, a criança, até aos 12 anos, devia
realizar exercícios de educação sensorial: equilíbrios, habilidades manuais, orientação,
etc. Este grande pensador de origem suíça influenciou decisivamente uma série
de filósofos e pedagogos, tanto contemporâneos como posteriores, entre os quais
cabe destacar Bassedow, Kant, Pestalozzi e Amorós.
Bassedow (1723-1790)
foi um destaca- do representante da pedagogia da ilustração e do racionalismo e
precursor da educação física alemã, devido às suas influências sobre Muths e
Jahn. Defendeu a importância da educação física e levou as suas teorias à
prática na Escola Philantropinum (criada em1774), primeira escola na
Alemanha onde os exercícios físicos fizeram parte do programa escolar. A sua
didáctica estabeleceu a progressão do simples ao complexo e do parcial ao
total.
O filósofo Immanuel
Kant (1724-1804) dividiu a educação em física e prática. Mas o seu conceito da
primeira incluía não só o desenvolvimento das qualidades físicas, como também
componentes psíquicos, o desenvolvimento da inteligência, da memória, do
carácter, da atenção, etc. O seu rigor pedagógico favoreceu o jogo com finalidade
educativa, para fortalecer a criança e educar os seus sentidos.
O suíço Giovanni E.
Pestalozzi (1746- 1827), autor de inúmeras obras, matizou muitas ideias de
Rousseau. Defendia a figura do mestre e a educação da criança na família e na
sociedade (sem isolá-Ia na natureza, como aquele propunha). Visto que procurava
o desenvolvimento harmónico dos diferentes âmbitos do ser humano, concedeu
muita importância à educação física (duas horas por dia), tanto à natural e
instintiva como à planificada e sistemática, ginástica elementar dada pelo
educador. O cuidado da higiene, os passeios nas horas das aulas, os jogos
desportivos e a atenção às necessidades de cada criança também fazem parte das
suas teorias. É o precursor da ginástica analítica.
Francisco de Paula
Amorós y Ondeano, marquês de Sotelo (1770-1848), instruído e afrancesado, foi
um dos precursores da educação física em Espanha, ao criar e dirigir o
Instituto Pestalozziano de Madrid; perseguido durante a repressão o absolutista
que teve lugar após a Guerra Peninsular, teve de exilar-se em França. Em Paris
dirigiu o Ginásio Normal Militar, instituição a partir da qual difundiu as suas
teorias inclusivé no âmbito cívil. Influenciado pelas ideias de Rousseau, Muths
e dos círculos militares, estabeleceu um programa de educação física militarista, pouco
pedagógico e de difícil execução, com inúmeros exercícios acrobáticos. Os seus
objecti- vos eram a saúde, o prolongamento da vida, o aperfeiçoamento das
faculdades físicas, a melhoria da espécie e virtudes raciais, e concedeu muita
importância à concorrência de todos os sentidos.
Os sistemas naturais
A partir dos
princípios expostos por Rousseau, Pestalozzi, Amorós, Muths e Demeny, ao longo
dos séculos XIX e XX desenvolveram-se diversos sistemas naturais, de entre os
quais se distinguem fundamentalmente dois: o método natural de George Hebert
(1875-1956) e a ginástica natural escolar austríaca. O primeiro desenvolveu-se
em França, em contraposição à ginástica analítica sueca. Foi apresentado em
Paris em 1913 e tinha como objectivo o desenvolvimento físico integral mediante
actividades naturais do ser humano: marcha, corrida, salto, lançamento,
quadrupedia, cambalhota, pesos, equilíbrio, luta, natação, dança, etc. Essas
actividades realizavam-se ao ar livre, procurando incidir no desenvolvimento
cardiovascular e pulmonar. Estes sistemas partem de uma concepção integral do
indivíduo e apresentam um forte carácter pedagógico.
No início do século
XX, Margarette Streicher e Karl Gaulhofer idealizaram a ginástica escolar
austríaca, na qual recolheram distintos aspectos das escolas surgidas
anteriormente: assim, por exemplo, do sistema de Jahn, os aparelhos; da
ginástica sueca, o aspecto postural e higiénico; do método natural de Hebert,
as actividades naturais; de Dalcroze, o valor do ritmo; e dos incipientes
desportos que começavam a proliferar na Grã-Bretanha, o seu aspecto lúdico. O
resultado consistiu em sessões de educação física muito completas, de quase 50
minutos, que incluíam uma fase de animação, outra de trabalho postural, para
continuar com jogos, desportos, danças, acrobacias, e fi- nalizar com
exercícios de relaxamento. Streicher e Gaulhofer relacionaram os exercícios físicos,
como agentes educativos, com as necessidades globais da criança. O método
natural escolar austríaco foi actualizado durante a década de 70 por Gerard
Schmidt, que respeitou a forma natural de as crianças Se expressarem através do
jogo e se interessou pelo seu próprio desenvolvimento evolutivo; incidiu sobre
um trabalho multilateral, contrário à especialização, e defendeu o ecologismo
na educação física.
O movimento
desportivo
Com Thomas Arnold
(1795-1842) produziu-se uma autêntica revolução na Grã-Bretanha que logo se
estendeu por todo o mundo ao introduzir o desporto nos centros educativos;
juntaram-se os valores positivos e formativos do desporto, estabelecendo-se uma
estreita relação entre o professor e o aluno. O auge desportivo do século XIX,
propiciado também pela iniciativa de Pierre de Coubertin (1863-1937), que
restaurou os Jogos Olímpicos e defendeu a prática desportiva na escola, e a sua
decisiva importância na sociedade do século XX consolidaram o desporto como um
bloco fundamental dos conteúdos da educação física.
Escola Nova e pedagogia americana
A Escola Nova é um
movimento pedagógico de reacção contra a escola tradicional que acentua a
actividade da criança, tornada no centro da escola. A educação física,
portanto, desempenha um importante papel nestas teorias. Entre os seus
principais representantes destaca-se a italiana Maria Montessori (1870-1952),
com a sua teoria da psicomotricidade, e o filósofo e pedagogo norte-americano
John Dewey (1859-1952), que defendeu os campos de desporto como cenário de uma
educação adequada para a vida. Influenciados por este último, apareceram três
métodos da pedagogia americana: o método dos projectos (Kilpatrick), o plano
Dalton (Parkhurst) e o sistema Winnetka (Washburne), os quais propiciaram
muitos dos modelos de ensino utilizados hoje em todo o mundo: a atribuição de
tarefas, o ensino recíproco, o ensino programado, a descoberta guiada, a
resolução de problemas, etc.
Educação física do
século XXI
As escolas, sistemas
e movimentos evoluíram e avançaram para a educação física do século XXI, que
tem como principal característica a sua consolidada inclusão no programa
educativo de todo o mundo, enquanto elemento fundamental de uma educação
integral. Porque, tal como dizia o espanhol José María Cagigal, a educação
física «é, antes do mais, educação». Assim, a educação física do novo milénio
colabora na formação de uma pessoa íntegra, procura o seu desenvolvimento
psicomotor e fomenta a qualidade de vida através do exercício físico e do
desporto; prepara o ser humano para as exigências que a sociedade lhe apresenta
e desenvolve a sua criatividade e personalidade. Graças à educação física
actual, demo- crática e integradora, as actividades físico-desportivas irão
tornar-se numa forma de ser, em companheiras inseparáveis no decorrer de toda a
sua vida.
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